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01 dezembro, 2006

Saindo do armário...


Sair do armário é algo de extrema importância. A carga de felicidade que essa atitude traz para todos, além de imprimir coragem para que outras pessoas também abram as portas de sua sexualidade. A identidade sexual de alguém é algo tão importante que não há sentido em mantê-la trancafiada.
Penso que nós, homossexuais, já nascemos contra a corrente da sociedade heterossexista, teremos sempre que subir pela escada rolante que desce. E provar que a gente consegue chegar lá em cima. A negação do amor dos pais é uma das coisas mais tristes que se possa vivenciar e muitos gays vão carregar essa dor até o fim.
Já repararam como os/as heterossexuais são naturalmente orgulhosos de serem o que são? Andam com enorme tranqüilidade pelas ruas, com o seu ar de superioridade impressa nas suas demonstrações públicas de afeto, sua segurança de que estão dentro da lei e entre iguais. Nascem; crescem e morrem assim, com a mesma calma e o nariz em pé. Um menino de sete anos que passa a mão na xoxota de uma menina de sete anos é orgulho do pai e da mãe, orgulho da vovó e do titio. Dos vizinhos, idem. Dão risadas e chamam o menino de safadinho. E se for bom no futebol, então, nem se fala. Adolescente, já pode beijar no metrô...E assim, a vida continua. Nunca sentiu terror, medo. Nunca será apontado nas praças como “verme” e nem vai ler notícias de assassinatos de heterossexuais só por que eram heterossexuais. Se for morto por um motivo qualquer, intui que o seu assassino será punido dentro da lei, pois há leis para os heterossexuais. Já pensaram como seria o nosso comportamento e a nossa felicidade interna, a nossa paz se nós, gays fôssemos realmente livres e respeitados tanto quanto os heterossexuais? Quantas e quantas vezes praticamos o autoboicote no nosso amor, perdendo pessoas por que não acreditamos ter o direito a um mínimo de felicidade? E mesmo que não praticássemos esse boicote, pode deixar que a sociedade heterossexista o faz. Portanto, matamos um leão a cada dia, matamos não apenas um, mas um bando de leões. Fora as cascavéis, as amebas, os crocodilos... Ou seja, somos sempre apontados, dedurados e ridicularizados enquanto homossexuais.
E nossa ausência de orgulho nos torna extremamente vulneráveis a tudo isso, fica muito difícil viver com prazer, a gente se fecha para não sofrer e nisso acabamos perdendo ainda mais: em relacionamentos e na criatividade; acabamos criando um outro armário, este bem mais sutil, não apenas pela sexualidade, mas por tudo, digamos uma “cristaleira” para poder chorar lá dentro e sobreviver. O rosto, outrora receptáculo de nossas emoções e empatias, acaba perdendo o sentido, pois tememos a emoção e o amor. Então, tristemente e nos enganando, partimos para a valorização do corpo e do sexo puro e simples. Não mais olhamos nos olhos nem vimos mais a brancura dos dentes num sorriso, para não chorar. Não posso amar, por que nunca me deixaram amar.